A minhoca gosta de claro ou de escuro?
No projeto Ciranda, a resolução de problemas é uma perspectiva inserida em todos os eixos. Aqui, um exemplo ilustrativo de uma atividade na área de Natureza e Sociedade.
A situação-problema da qual parte uma atividade pode ser, por
exemplo a vida das minhocas. Ao invés de simplesmente ‘ensinar’ as
características desses animais, a professora lança perguntas provocativas,
como: “onde elas vivem?”; “Têm patas?”; “Têm olhos?”; “Será que as minhocas
gostam de claro ou do escuro?”.
A professora não apenas ouve a resposta das crianças, mas pede
que justifiquem, e assim verifica o argumento ou raciocínio envolvidos. Pode
sugerir, então, que as próprias crianças comprovem qual é a melhor resposta. O
educador verifica o que elas propõem ao desafio: “o que podemos fazer para
saber se as minhocas gostam ou não do escuro?”.
Essa é a situação-problema, em que a professora vai conduzir uma
investigação científica, sempre a partir das propostas das crianças,
ajudando-as a organizar as ideias, registrá-las em um papel e sistematizá-las,
de forma adequada à faixa etária. Essa é uma etapa fundamental, que proporciona
diversas experiências educativas e de expressão.
Na perspectiva de resolução de problemas, não há apenas um único
caminho a ser adotado pelo professor. Um desdobramento possível é que o
professor proponha a construção de um minhocário como ‘campo de testes’. Essa
construção é mais do que uma brincadeira ou experiência. Na verdade, as
crianças estão produzindo um modelo para a investigação científica.
As crianças participam ativamente. O minhocário pode ser feito
em uma garrafa grande, aquário ou outro suporte. Sua construção permitirá um
novo salto na investigação... Aqui surge uma primeira resposta a tantas
questões. As minhocas gostam, sim, de escuro pois ficam frequentemente sob a
terra – dado que pode ser constatado pelas crianças.
Depois de alguns dias, as crianças poderão observar, entre
outras coisas interessantes, os túneis cavados pelas minhocas e a sua atividade
de revolverem o solo; a terra jogada para fora dos túneis pelas minhocas; a
subida à superfície, quando a terra estiver encharcada pela água e a reprodução
das minhocas. Nesse caso, poderão ser observados casulos de ovos em volta do
corpo de algumas das minhocas ou “saquinhos de ovos” colocados, em geral,
presos a pequenos gravetos.
É um rico material que a professora explora. Todas as
observações das crianças são importantes.
As crianças poderão relacionar, nesse caso, o comportamento
observado à necessidade que as minhocas têm de respirar: ao encharcar o solo, a
água ocupa o lugar do ar, de que as minhocas necessitam para respirar e que
elas absorvem por intermédio da pele e de pequenos orifícios.
Por fim, a professora já tem a base para levar as crianças a
ampliarem os conhecimentos, extrapolando para outros ambientes e situações. Por
exemplo, a observação que fizeram ao que acontece nos jardins depois que chove
muito ou ao que fazem os pescadores quando querem recolher minhocas no jardim.
Assim, o que poderia ter sido uma simples aula para alunos
passivos, tornou-se uma jornada científica de descobertas que produziu,
sobretudo, crianças motivadas a aprender e a investigar.